Place des Vosges

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terça-feira, 28 de maio de 2013

O avião balança, treme, mas não cai! (WASHINGTON, Cumpadi)

Algo terrível vem me assustando em minhas viagens de uns tempos para cá. O pior é que não se trata de um medo simples, de algo que pode ser que não encontremos, ou não experienciemos, mas sim algo terrivelmente ameaçador e um grande impasse para quem planeja conhecer o máximo de países possíveis em sua passagem pelo mundo: medo de avião!
Não é algo que começou há alguns meses ou semana, já faz alguns anos que um certo temor me acompanha cada vez que escuto do piloto "Tripulação, portas em automático". O que fazer?
Desde criança, graças a uma família incrível que sempre me incentivou a viajar muito, o avião era como uma das atrações da viagem, pura diversão e um momento único. De pequena já tinha personalidade forte, tinha meus ritos, passatempos a bordo e o tradicional lugar na janelinha. Eu criava para mim uma espécie de mundo paralelo na aeronave, meu assento era minha cápsula particular, como se ao redor da cadeira houvesse uma espécie de divisão entre mim e todos os outros, e lá eu sonhava, fazia planos, lia gibis, assistia filmes e, nos bons tempos da VASP, montava os aviões de lego que eram distribuídos para a ala infantil.
Com o tempo o avião de lego se foi e abriu espaço para revistas tranqueirosas, boa literatura, sudoku e, claro, o tradicionalíssimo lugar na janelinha, meu favorito! Há alguns anos um quesito a mais entrou a bordo: o avião pode cair!
Eu não sei bem quando começou nem o porquê, mas aconteceu. Aos poucos a janela foi se tornando uma armadilha e, ao invés de viajar contemplando a paisagem, eu passei a me fechar lá dentro e me distrair desesperadamente com qualquer coisa que tirasse meus pensamentos do voo.
No começo desses sintomas de panico aéreo eu inventei uma tática muito simples e idiota: vou beber todas para dormir e só acordar no destino! Só que chegar ressaquenta e cansada em um território alheio não é a coisa mais legal do mundo, fora que as rotas domesticas oferecem, no máximo, um suco de laranja, ou seja, não resolveu muito o meu problema. (Apesar de que, eu confesso, um vinhozinho não faz mal a ninguém quando disponível, não é?).
Tempos depois, alguns viajantes começaram a me listar remédios "de praxe" para dormir na viagem, sugestões que iam de xarope antialérgico a doses neurológicas de medicamento tarja preta! Acreditem: já me deram até o comprimido, em mãos! Para minha sorte, dessa vez o medo falou mais alto: "Veja bem Carolina, se o avião estiver caindo e você tiver a possibilidade de se salvar, vai ser muito mais difícil com um tarja preta na cabeça, não é?". E assim o comprimido foi jogado fora, junto com essa opção terrível de automedicamento.
O mais bizarro disso tudo é que, já com o panico aéreo, eu voei em três aviões de realmente deixar os mais corajosos no chinelo e, como em uma aberração, a viagem não me deu medo! O Embraer Brasilia (Joanesburgo-Maputo), avião russo velho (Maputo-Ilha de Inhaca) e a ressonância magnética, digo, Buddha Air (voo panorâmico no Himalaia) foram uma belezura. Na minha cabeça, quanto menor a aeronave, maior o controle que o piloto tem sobre ela. Santa ignorância! Talvez para ser sincera é que, quanto menor a aeronave, maior a possibilidade eu tenho de ver se tudo está perdido e que tudo vai literalmente aos ares - sem surpresas, sem falsas esperanças.
Essa confissão vergonhosa apareceu aqui devido a minha última viagem. Em uma ponte aérea Belo Horizonte - Congonhas, cinco minutos depois que o avião estava no ar, eu estava convicta de que sentia cheiro de queimado. Não foi uma leve impressão, foi um surto geral e eu podia ver as pessoas ao redor farejando o tal do cheiro que só eu sentia. Com o cheiro veio um incrível frio na barriga e um desespero sem fim, insistências para o Alê de que realmente algo estava pegando fogo. Ele tentou me convencer de que era o sanduíche do serviço de bordo, até que o tal do sanduíche chegou e veio frio. Aí tive certeza  de que havia um incêndio a bordo! Incêndio esse que nunca vi, chegamos são e salvos e eu sem graça, com meu outro vizinho de assento bastante irritado comigo. Vergonha, dessa vez, não alheia! (Mas eu juro, algo estava queimando!!!)
Enfim, senhoras e senhores, tenho um impasse! Não vou encher a cara, não vou tomar remédio, mas espero nunca mais sentir cheiro de queimado (ou coisa pior, vai saber)! Fato é: não vou abrir mão de minhas viagens por um surto estranho, sem origem e sem solução. Por outro lado, se eu pudesse ir para a Europa de carro, se essa opção existisse, podem ter certeza que abandonaria a aeronave, ainda que eu demorasse o triplo de tempo para chegar ao destino. E agora, o que fazer?
Oremos!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Is there anybody out there?

Após uma longa e silenciosa pausa, aqui estou!
Sempre alimentei esse blog por vontade própria, sem grandes expectativas ou cobranças a mim mesma, nunca analisei os números para saber o real sucesso ou fracasso dessa coisa toda e, com isso, uma breve pausa forçada foi necessária. Até o momento em que me cobraram: Carol, queremos blog!
Como boa sagitariana e brasileira, que só funciona sob pressão, aqui estou! Calma, tenho minhas justificativas! Não foi um abandono frio e sem drama: minha pós-graduação, meu trabalho, o pilates, a Jessie e o Corinthians consumiram todo o meu tempo livre, além disso o meu notebook faleceu, então o intervalo foi necessário. O meu computador continua morto, não posso parar de trabalhar (preciso pagar as viagens!), o pilates continua, meu Coringão foi eliminado da Libertadores (chuiiiffff) e a pós está na reta final (viva!), então vamos reativar esse blog!
Só para esclarecer, a viagem sempre continuou nesse intervalo. Nada internacional até agora, até porque o Japão me rendeu uma bela dívida, mas passeios curtos e bacanas, carnaval em Paraty e o bom e velho turismo em minha própria cidade estiveram a todo vapor. O show de uma das minhas bandas favoritas também rolou, além de outros eventos que movimentaram a minha vida social - e murcharam o blog.
Tem novidade vindo aí e já vou adiantar algumas: Copa das Confederações (sim, eu tenho ingressos!), uma viagem internacional em alguns meses (vou manter o suspense - pela tradição de que contar dá azar) e (por que não?), caso ainda tenha alguém aqui até lá, tenho viagem já agendada para dezembro de 2014!
Estou feliz em estar de volta e mais feliz ainda em saber que alguém lê essa bagaça! Mais ainda, agradeço a querida Sheila Gois pelo empurrãozinho - ter um texto elogiado por ela é uma grande honra!
E vamos que vamos!! Até a próxima - e a próxima será realmente próxima!