Place des Vosges

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sábado, 9 de novembro de 2013

Taxi do Gugu!

Depois de alguns dias em Paris, caminhadas, sagas em museus, paisagens e locais históricos, chega o momento de esquecer toda a lista de coisas a se fazer e partir para o nada a se fazer em grande estilo. Vamos jantar!
Aliás, diga-se de passagem, uma das minhas grandes decepções de viagens foi ter ido várias vezes para Paris sempre desacompanhada no quesito romance. Só que dessa vez eu estava com o Alê e era o momento dos momentos, o crème de la crème dos destinos romanticos, e agora acompanhada! Saímos para jantar. Destino: Marais. 
Seguimos em direção a um restaurante super indicado por uma amiga. Chegando lá não tinha lugar nem para esperar na calçada. Bola para frente, vamos que vamos! Depois de um pouco de caminhada chegamos a um local que parecia ser perfeito: rua sem saída, sendo todos os imóveis restaurantes meigos, romanticos e ao alcance do nosso bolso. Voilá! Escolhemos um local que parecia ser bem simpático e apostamos nossos suados euros por lá mesmo.
Ao mesmo tempo que liamos o cardápio, verificávamos o pedometro que a madame aqui resolveu levar na viagem. Haviamos andado 20km e a única refeição do dia havia sido o café da manhã. Perfeito, era hora de pedir todos os pratos possíveis e impossíveis, quebrando todas as etiquetas, elegancias e repondo todas as energias inimagináveis para aquele dia e para os próximos que se seguiriam na capital francesa.
Após fazer o extenso pedido, conversávamos sobre a viagem e assuntos diversos que cabiam à ocasião. Chegaram os pratos: couvert, entrada e no primeiro prato percebemos que éramos tema da conversa de um grupo de americanos que estava na mesa ao lado. Segundo prato, causamos horror no mesmo grupo, ao mesmo tempo que a americana começou a flertar com o francês na mesa ao nosso lado, enquanto comentava horrorizada com a quantidade de comida que haviamos pedido. Eles pediram a conta e nós outro vinho, assim continuou nosso agradável salve-se-quem-puder de comilança em Paris.
Segunda garrafa de vinho aberta, planejamento, risadas, juras de amor e o Ale percebeu que sentou um grupo bem animado de franceses no lugar da mesa dos americanos. Outro gole de vinho, mais planos e risadas, o Alê comenta: "Eles estão falando de nós, acho que querem perguntar alguma coisa". Moral da história, terminamos a garrafa de vinho com os franceses sentados conosco, conversa em no mínimo 5 línguas diferentes, tudo junto e misturado, e é hora de partir. Vale ressaltar que esse papo e essa união franco-tupi renderia um post a parte.
Os mais jovens da mesa francesa tentavam nos arrastar para uma balada. Simulamos certa empolgação, olhando quase que em 360 graus por um taxi, até que chega um. Voamos para dentro do taxi, como em um pedido de asilo político, soltei um "Au revoir" para nossos amigos franceses e ufa, simbora para o hotel!
Carol: Rue Amelie, s'il vous plait!
Taxi: Oui Madame.
Foi o tempo de eu olhar para o Ale, respirar aliviada e ouvir do taxista:
Taxi: De onde você é?
Carol: Do Brasil!
Taxi: Brasil. Hummmm. Eu adoraria ter uma filha com uma brasileira!
Panico! Panico total! E agora? Eu não mentiria para o Alê dizendo qualquer outra coisa, mas como até o momento eu traduzia tudo do francês para o português, não seria agora que eu iria blefar. Não deu tempo de terminar a tradução quando ouvimos:
Taxi: Pois é, não tive filho com uma brasileira, mas tive com uma japonesa!
E na sequencia ele tirou uma boneca gigante debaixo do assento do passageiro no banco da frente!!! Não bastou tirar a boneca gigante, ele ainda gritava "Japanese baby! Japanese baby!". Bom, não precisei nem traduzir, caimos na risada e ele chacoalhava a boneca de um lado para o outro. Colocou a boneca no banco do passageiro e nos informou que ia fazer uma trilha sonora especial para o casal em Paris.
Em questão de segundos estávamos nós, o taxista e o Michel Teló cantando pelo taxi a fora pelas ruas da cidade. Ai monsieur, assim você me mata! Ele percebeu que a nossa empolgação foi quase zero, aumentou o som no volume precisa-se-de-epi e ainda assim #carolealenotédio. Foi então que do mesmo lugar que sugriu a Japanese baby ele tira duas baquetas e um apito. Enquanto baquetava no volante do carro, apitava e, na medida do possível, batia palmas. Não aguentamos, entramos no rítimo, por mais ridículo que possa ter sido.
E assim rodamos de taxi por Paris, toda aquela paisagem histórica ao som de Michel Teló, o apito, a baqueta e a Japanese Baby. Socorro!
Quando finalmente a infernal música acabou, ele disse que colocaria algo em homenagem à filha dele, a Japanese Baby. Me perguntou:
Taxi: Conhece J-pop?
Carol: Não!
Taxi: Japanese Pop!
Moral da história, chegamos no hotel com um taxi tocando no último volume um pop japonês bem bizarro. Rendeu ataques de riso eternos, não só para nós, bem como para a vizinhança. Pardon mes amis!
Pois é minha gente, há quem ainda reclame dos parisienses. Viaje conosco então e Vive la France!